Várias regiões da província iraquiana de Salah-ad-Din, localizada no noroeste do país, caíram em poder dos extremistas do grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Neste momento os combatentes se deslocam para norte, onde se encontra a fronteira com a província de Kirkuk. Anteriormente os terroristas tinham conquistado a província de Nínive com seu centro administrativo em Mossul, e a cidade de Hawija, a sudoeste de Kirkuk. No país ocorre a fuga em massa da população civil das áreas por eles ocupadas. Mossul já foi abandonada por mais de 500 mil pessoas.
O primeiro-ministro do país Nouri al-Maliki anunciou a necessidade de declarar a mobilização geral, assim como prometeu armar todos os voluntários dispostos a combater o terrorismo.
O analista político iraquiano Ahmad al-Sharifi comenta a situação:
Voz da Rússia: Como foi possível que os terroristas tenham conseguido conquistar províncias inteiras?
Ahmad al-Sharifi: A razão principal está sobretudo na fraqueza do poder central iraquiano. Ele não estava preparado para esse desenrolar dos acontecimentos. Aquilo a que assistimos é uma consequência direta dos confrontos na Síria. Nesse país as tropas governamentais enfrentam com sucesso os extremistas, inclusive os militantes do EIIL. Estes retiram para território do Iraque, e, para compensar de alguma forma as suas derrotas no país vizinho, eles começam atacando aqui.
Quanto a Mossul, essa ofensiva dos extremistas foi bem preparada, as autoridades simplesmente se descuidaram. É de referir que desta vez os combates não começaram num dos bairros residenciais dos arredores, como acontece habitualmente, mas sim junto à prefeitura. O edifício foi tomado rapidamente. Depois disso os combatentes se deslocaram em direção ao aeródromo militar. Outras das direções tomadas pelo ataque dos extremistas foram as regiões petroleiras. Ou seja, esta operação foi indiscutivelmente bem planejada e foi preparada ao longo de muito tempo.
Voz da Rússia: Por que não consegue o exército iraquiano vencer os terroristas, se na vizinha Síria, como já referiu, as forças armadas conseguem combatê-los?
Ahmad al-Sharifi: As razões para o sucesso do exército sírio não estão apenas na sua boa preparação e na sua experiência de combate, mas também na sua excelente organização. Na Síria o poder central é forte, ele não está dilacerado por contradições. O mesmo se pode dizer do comando do exército. Isso permite coordenar a alto nível as ações das forças armadas e obter sucesso militar.
No Iraque tudo é diferente. Na prática aqui não existe um poder único. O exército não está subordinado a um comandante em particular. Os oficiais comandam as tropas frequentemente sem coordenar as ordens dadas com seus superiores. Por sua vez, o Ministério da Defesa do Iraque não coordena suas ações com o chefe de governo. Já não falo da corrupção monstruosa que atravessa todas as estruturas militares. Além disso, o exército no Curdistão Iraquiano é essencialmente uma estrutura à parte. Ele nem sequer obedece ao Ministério de Defesa do Iraque.
As tropas governamentais conseguiam, em geral, se opor aos terroristas quando estes efetuavam incursões pontuais, mas para uma grande ofensiva dos extremistas, como a que está decorrendo, elas não estavam preparadas.
Voz da Rússia
Fonte: Exército iraquiano impotente perante os extremistas »
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