A vida nas montanhas fez muito bem a Oliver. Caminhava quase todos os dias pelas trilhas até pedras com vistas belíssimas para os vales salpicados de bois aqui e ali, e nas noites de verão às vezes madrugava lá no alto, sozinho com sua luneta e uma garrafa de vinho… Com tudo isso passou a escrever não somente em prosa, mas em poesia, no seu Caderno do Amor.
As filhas preferiam vir visitá-lo de vez em quando do que ter de lidar com ele na capital. Em todo caso, a família chegou a um consenso de que era melhor simplesmente não mais relembrá-lo de sua amada Maria. Pensaram: “O luto já passou, assim ele vai muito bem.”
Seus livros cada vez vendiam mais, era agora reconhecido não somente como grande divulgador científico, mas também como um dos mais inovadores poetas dos últimos tempos. “Quem diria” – repetiam os críticos –, “um astrônomo que trata das estrelas como poesia”… A verdade é que qualquer cientista de mais idade que se metesse a escrever de forma não ortodoxa já chamaria atenção suficiente. Mas a outra verdade é que ele era mesmo um excelente poeta, pois em seu âmago sentia alguma tristeza obscura.
Ele preferia não comentar com ninguém, mas sempre que relia seu Caderno sentia que faltava alguma coisa… Era sobre isso que suas poesias tratavam, só que ninguém percebia. Ele olhava as estrelas, a constelação de Órion, e se perguntava se elas não queriam lhe dizer algo. Era quase como um “chamamento” – isso acabou acarretando uma depressão que ele também soube esconder dos irmãos e das filhas, pois que sempre foi muito inteligente – ou nem tanto assim…
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© raph for Teoria da Conspiração, 2014. | Permalink | | Add to del.icio.us
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