Ao explicar seus desejos para um psicólogo, Brad disse: “Acho o som bastante atraente, e fiquei aficcionado por ele. No início, eu não queria admitir que me excitava com pum, mas finalmente decidi experimentar”. O relato de Brad foi transcrito pelo psicólogo Mark Griffiths, professor da Universidade de Nottingham Trent (Inglaterra) e especialista em vícios comportamentais.
Baseado em relatos de Brad , Griffiths o diagnosticou como “eproctófilo” – “alguém sexualmente excitado por flatulência”. Como Brad é bissexual, ele sente atração pelo pum de pessoas de ambos os sexos.
Em conversas com Griffiths, Brad tentou explicar como desenvolveu a eproctofilia. Sua primeira lembrança foi ouvir um boato de que sua “paixonite” do ensino médio tinha soltado um pum na sala de aula. Ele também tentou explicar por que a flatulência lhe traz um prazer sexual.
“Quanto mais nojento, mais eu gosto, pois aumenta a sensação de dualidade. Quanto mais nojento for o pum, e mais bonita a mulher, maior o cisma entre a expectativa da sociedade e a realidade”, contou Brad.
A pesquisa de Griffiths sobre comportamentos online, particularmente o jogo na internet, o levou a estudar comunidades na rede dedicadas à parafilia – intensas e atípicas atrações sexuais. Depois de ter verificado a identidade real de “Brad”, Griffiths lhe atribuiu o pseudônimo para publicar relatórios de pesquisas acadêmicas sobre o caso. Ele está trabalhando em mais seis estudos de caso sobre fetiches sexuais e, com cada um, tem visto coisas com as quais ele não esperava se deparar.
“A questão sobre o estudo de caso é que é apenas uma única pessoa. Pessoas diferentes podem ter a mesma parafilia de maneiras diferentes”, explica Griffiths. “Acontece de eu comentar sobre o caso de Brad e depois virem pessoas dizendo que o que se aplica ao caso dele não acontece com outras pessoas”.
A parafilia não é nova, obviamente. O romancista James Joyce revelou uma tendência eproctofila em 1909, em cartas de amor para sua esposa, que foram publicados postumamente em 1970. O termo “sadismo parafílico” foi cunhado em homenagem ao nobre francês do século 18 Donatien Alphonse François de Sade, o Marquês de Sade . Ele escreveu histórias de ficção detalhando fantasias violentas e assassinas, mas também praticou violência sexual – muitas vezes sexo não-consensual. As obras de Sade não foram amplamente divulgadas até o século 20.
Ainda hoje, a parafilia carregar consigo um estigma. Ao discutir o caso de Brad, Griffiths comentou que os parafílicos são muitas vezes patologizados e vistos com um olhar negativo – mas Brad está muito feliz com sua condição. O psicólogo acrescenta que, quanto mais ele investiga a parafilia, mais percebe que as pessoas em fóruns na internet não querem tratamento.
“Problema? Não: preferência”
Em alguns casos, os médicos mudaram suas opiniões para concordar com as afirmações das pessoas de que elas possuem uma “preferência”, e não um “problema”.
Todos os anos, a Associação Psiquiátrica dos Estados Unidos atualiza o seu Manual Estatístico de Diagnóstico e de Transtornos Mentais (DSM, na sigla em inglês). A chamada “Bíblia de distúrbios de saúde mental” já passou por cinco revisões (o DSM 5 foi publicado em maio), e cada vez a sexualidade tem sido mais debatida.
No terceiro DSM, um fetiche foi considerado parafilia apenas se “a pessoa atuou guiada por esses impulsos ou é marcadamente afligida por eles”. As edições posteriores elevaram os critérios – de simplesmente agir por esses impulsos para “viver com um prejuízo significativo”.
A quinta edição faz uma distinção entre a parafilia e os transtornos parafílicos. Alguém com uma parafilia pode ser diagnosticado com transtornos parafílicos somente se se sente angustiados por seus impulsos ou se causa danos a terceiros ao agir sobre eles sem autorização. Isso coloca automaticamente a pedofilia, o voyeurismo e o exibicionismo na lista de distúrbios parafílicos.
Os próximos estudos de caso de Griffiths podem incluir um fetiche de fogo, de cegueira e a dacrifilia – a excitação pelas lágrimas, pelo choro ou pelo soluço causado pelas lágrimas. “Uma das mensagens que esses estudos de caso nos dá é a de que, quando se trata de seres humanos, não há quase nada pelo que eles não possam se sentir sexualmente excitados”, completa Griffiths.
Fontes: [Live Science]
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