Peso argentino desabou 11% no dia 23, na maior queda diária desde 2002.
Especialistas veem falta de credibilidade e modelo Kirchner como culpados.
A forte desvalorização do peso nos últimos dias levantou ainda mais dúvidas sobre a situação econômica da Argentina, que tem se agravado nos últimos meses com a disparada da inflação e a redução drástica das reservas internacionais.
Apesar de ter avançado em alguns aspectos sociais, o governo de Cristina Kirchner não conseguiu, até o momento, reverter a derrocada financeira nem resgatar a confiança dos investidores, ainda traumatizados pelo megacalote de 2001.
No quadro político, a presidente tem perdido popularidade. A derrota do seu partido nas eleições legislativas de 2012 aponta que a sucessão presidencial em 2015 está comprometida.
Para tentar mudar a situação, o governo adotou diversas medidas que restringem a saída de dólares do país: aumentou impostos sobre gastos no cartão de crédito no exterior, passou a exigir aprovação do banco central para compra de dólar para turismo e impôs restrições ao comércio online.
Com a falta de dólares no mercado, a cotação disparou. Em 23 de janeiro, o peso argentino desabou 11%, a oito pesos por dólar, na maior queda diária desde a crise de 2002.
Fora do mercado oficial, no paralelo – que escapa às muitas restrições do governo –, a cotação está ainda mais alta: era de 10 pesos por dólar, tendo se popularizado a expressão "dólar Messi", em referência ao número da camisa do jogador, e já passou a ser negociada por 13 pesos.
A falta de confiança no sistema financeiro do país é enorme, e a "poupança" dos argentinos passou a ser juntar e guardar dólares em casa, o que faz a moeda disparar ainda mais, para desespero do governo. "O que aconteceu foi uma rendição à realidade. O governo que dizia o tempo todo que não iria desvalorizar o câmbio. Na prática, começou a ceder", diz Leonardo Trevisan, que é professor de economia internacional da PUC São Paulo.
"Restou pouco espaço para mágica.
Não tem mais o que proibir. Já proibiram tudo por lá.
Chegaram ao ápice de controlar até as compras online", diz Carlos Stempniewski. "Pode-se prever mais desvalorização e mais turbulência.
É um cenário preocupante que vai exigir remédios amargos que governos populistas resistem a aplicar", completa o economista.
As medidas afetam, além da população, também as empresas argentinas.
Para evitar que a balança comercial fique negativa – quando a importação é maior que a exportação –, quem quiser importar precisa compensar com uma exportação no mesmo valor. Há empresas de peças de automóveis, por exemplo, exportando vinhos.
Essa política, no entanto, também é responsável por reduzir ainda mais a confiança dos investidores estrangeiros, que se afastam do país e não colocam dólares para dentro da fronteira.
A pergunta que fica é a seguinte:
Qual será o impacto dessa crise no Brasil?
Fonte: Entenda a crise econômica e política na Argentina»
Especialistas veem falta de credibilidade e modelo Kirchner como culpados.
A forte desvalorização do peso nos últimos dias levantou ainda mais dúvidas sobre a situação econômica da Argentina, que tem se agravado nos últimos meses com a disparada da inflação e a redução drástica das reservas internacionais.
Apesar de ter avançado em alguns aspectos sociais, o governo de Cristina Kirchner não conseguiu, até o momento, reverter a derrocada financeira nem resgatar a confiança dos investidores, ainda traumatizados pelo megacalote de 2001.
No quadro político, a presidente tem perdido popularidade. A derrota do seu partido nas eleições legislativas de 2012 aponta que a sucessão presidencial em 2015 está comprometida.
Para tentar mudar a situação, o governo adotou diversas medidas que restringem a saída de dólares do país: aumentou impostos sobre gastos no cartão de crédito no exterior, passou a exigir aprovação do banco central para compra de dólar para turismo e impôs restrições ao comércio online.
Com a falta de dólares no mercado, a cotação disparou. Em 23 de janeiro, o peso argentino desabou 11%, a oito pesos por dólar, na maior queda diária desde a crise de 2002.
Fora do mercado oficial, no paralelo – que escapa às muitas restrições do governo –, a cotação está ainda mais alta: era de 10 pesos por dólar, tendo se popularizado a expressão "dólar Messi", em referência ao número da camisa do jogador, e já passou a ser negociada por 13 pesos.
A falta de confiança no sistema financeiro do país é enorme, e a "poupança" dos argentinos passou a ser juntar e guardar dólares em casa, o que faz a moeda disparar ainda mais, para desespero do governo. "O que aconteceu foi uma rendição à realidade. O governo que dizia o tempo todo que não iria desvalorizar o câmbio. Na prática, começou a ceder", diz Leonardo Trevisan, que é professor de economia internacional da PUC São Paulo.
"Restou pouco espaço para mágica.
Não tem mais o que proibir. Já proibiram tudo por lá.
Chegaram ao ápice de controlar até as compras online", diz Carlos Stempniewski. "Pode-se prever mais desvalorização e mais turbulência.
É um cenário preocupante que vai exigir remédios amargos que governos populistas resistem a aplicar", completa o economista.
As medidas afetam, além da população, também as empresas argentinas.
Para evitar que a balança comercial fique negativa – quando a importação é maior que a exportação –, quem quiser importar precisa compensar com uma exportação no mesmo valor. Há empresas de peças de automóveis, por exemplo, exportando vinhos.
Essa política, no entanto, também é responsável por reduzir ainda mais a confiança dos investidores estrangeiros, que se afastam do país e não colocam dólares para dentro da fronteira.
A pergunta que fica é a seguinte:
Qual será o impacto dessa crise no Brasil?
Fonte: Entenda a crise econômica e política na Argentina»
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